O risco de viverem sozinhas e enfrentar dificuldades na velhice é bem maior para elas, que ficam de fora dos dividendos da longevidade
Em poucos meses, a Covid-19 ceifou mais de um milhão de vidas no planeta e as consequências nos impactarão por muito tempo. Para os idosos, persistem os riscos do presente, como o fato de serem fisicamente mais vulneráveis e, por isso, obrigados a um isolamento social mais severo, mas também os do futuro: os efeitos socioeconômicos da pandemia. De acordo com documento do Fórum Econômico Mundial divulgado mês passado, a situação é ainda pior para as mulheres, porque vivem mais que os homens.
A instituição usou, como exemplo, a região do planeta que inclui a Ásia Oriental, Sul e Sudeste, além da Oceania. Ali estão países populosos como China e Índia, ou com grande proporção de pessoas mais velhas, como o Japão. Em 2050, quando o mundo bater a marca de 2 bilhões de idosos, dois terços – algo perto de 1.3 bilhão – viverão ali. As mulheres representam 54% dos que estão na faixa acima dos 60, mas o percentual chega a 61% no segmento acima dos 80! Esse é o motivo da preocupação do Fórum Econômico Mundial: as chances de elas viverem sozinhas e enfrentarem dificuldades são bem maiores.
Tal peculiaridade demográfica exige que os governos elaborem políticas públicas para garantir uma rede de proteção, principalmente para as que não tiveram acesso à instrução. Basta imaginar a vida de uma viúva, na faixa dos 70 anos, que se casou cedo, não completou os estudos e mora numa cidadezinha. É fundamental que meninas e jovens tenham a oportunidade de trilhar outro caminho e colher os dividendos da longevidade. Assim teremos dado um passo significativo para ampliar o envelhecimento saudável para um número maior de indivíduos.