Assumir mais riscos em busca de retornos maiores é o conselho dos especialistas, mas maior seletividade é fundamental tanto na renda variável quanto na fixa
SÃO PAULO – Com um patamar de juros nunca antes testado em sua história, o Brasil passou ontem pelo terceiro corte da taxa Selic em 2019, e o Banco Central sinalizou que a queda não deve parar por aí – ainda que o ritmo dos cortes possa ser suavizado.
Alguns especialistas acreditam que o país poderia enfrentar uma situação inusitada – e completamente improvável até poucos meses atrás – de juro real negativo (quando a inflação supera o juro nominal), algo visto em nações europeias muito distantes da realidade brasileira, como Alemanha, Suíça e Dinamarca.
Esse não é, no entanto, o cenário-base. A projeção média do mercado indica que a Selic poderia cair para 4,5% ao ano ainda em 2019 – e continuar nesse patamar em 2020, com uma inflação anual, também no próximo ano, de 3,6%.
Ainda que o juro possa não ficar efetivamente negativo, a expectativa de um rendimento cada vez mais parco na renda fixa já tomou conta do mercado financeiro.
O que fazer com o dinheiro nesse cenário?
Assumir mais riscos para buscar retornos maiores é o conselho de dez entre dez especialistas.
Ainda assim, os entrevistados pelo InfoMoney alertam que é má ideia se desesperar e sair correndo da renda fixa sem avaliar direito as opções disponíveis e como elas se adequam ao perfil do investidor.
“Não se muda um perfil de risco do dia para a noite, leva uma geração para isso acontecer”, observa Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, gestora focada em crédito privado. “E, muitas vezes, não há o que colocar no lugar da renda fixa.”
E o cenário atual também parece oferecer menos espaço para manobras. “Parece que temos muito menos margem de erro. Com uma taxa de juros de 4% ao ano, a ‘brincadeira’ fica muito mais complicada”, diz Sergio Silva, um dos responsáveis pela estratégia macro da AZ Quest. “Olhar o cenário tem sido cada vez mais desafiador e é preciso ser cada vez mais preciso.”
ara quem quer – ou precisa – manter uma alocação mais conservadora, as gestoras de patrimônio Julius Baer Family Office e TAG sugerem papéis indexados à inflação, com vencimentos em 2035 e 2045, que pagam hoje 2,98% ao ano.
“Acredito que, mesmo com a economia retomando, as taxas de juros neutras para prazos mais longos serão mais baixas do que as apresentadas historicamente, isto é, menores que 3%”, afirma Paulo Miguel, sócio do Julius Baer Family Office.
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