Um dos maiores esquemas de fraude contra programas sociais e trabalhistas no Brasil veio à tona neste mês, com a descoberta de um golpe bilionário que atingiu beneficiários do FGTS, seguro-desemprego e outros auxílios vinculados à Caixa Econômica Federal.
O caso ganhou repercussão nacional após reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, revelando que a fraude já desviou mais de R$ 2 bilhões de contas públicas — tudo isso com a possível colaboração de funcionários da Caixa.
Como funcionava o esquema
A base da operação: dados roubados e manipulação digital
O golpe envolvia uma cadeia organizada de ações coordenadas entre criminosos cibernéticos e servidores internos da Caixa Econômica. O ponto de partida era o acesso a dados pessoais de milhares de brasileiros com direito a benefícios sociais. Esses dados — como CPFs e informações de cadastro — eram adquiridos em páginas ilegais da internet e usados para identificar contas ativas no sistema do aplicativo Caixa Tem.
Com essas informações em mãos, funcionários da Caixa envolvidos no esquema alteravam os cadastros das vítimas no app, trocando os e-mails cadastrados por endereços eletrônicos controlados pela quadrilha. A partir disso, novas senhas eram geradas, permitindo controle total sobre as contas.
Saques, transferências e pagamentos
De posse das credenciais, os criminosos conseguiam efetuar transferências via PIX, pagar boletos e até realizar saques diretamente nas agências, com a colaboração de servidores da instituição. Em pelo menos um caso identificado pela Polícia Federal, um funcionário chegou a sacar dinheiro pessoalmente no caixa a mando do grupo criminoso.
Automação do golpe
O sucesso e a escala do golpe também se devem ao uso de tecnologias de automação. A quadrilha utilizava softwares que simulavam celulares, permitindo o acesso simultâneo a várias contas do Caixa Tem. Assim, os criminosos conseguiam repetir a fraude centenas de vezes por dia, multiplicando os valores desviados.
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