Nenhuma pessoa idosa é igual a outra pessoa idosa, definindo o que entendemos por diversidade. No Brasil, a diversidade perde sua vez para as desigualdades sociais que fazem com que um grupo tenha maiores possibilidades não apenas de viver bem, mas de deixar morrer outras pessoas de grupos sociais que não as interessa, que não concordam com o seu ponto de vista, que é de um imaginário patriarcal, machista, autoritário, que respeita o que é jovem e cisgênero.
Deixar morrer é um conceito que deriva da necropolítica.
O filósofo e pensador Achille Mbembe é um dos maiores especialistas do assunto. Em tempos de pandemia, esse mesmo intelectual reflete sobre o nosso direito de respirar e conclui que, mais uma vez, há grupos sociais no mundo em melhores condições se comparado a outros. São as pessoas mais pobres, mais velhas, de pele mais escura ou de uma etnia pouco respeitada politicamente no país onde residem.
Mas hoje quero convidar a leitora e o leitor a uma retrospectiva sobre a pandemia. Para isso, utilizarei frases de um idoso de 66 anos. Algumas falas poderão parecer irônicas e piadas, mas não são. Tudo começou em março de 2020.