Com impasse na discussão e avanço do calendário eleitoral, mercado e setor produtivo desconfiam que parlamentares cheguem em um acordo que garanta a reforma tributária e administrativa
Impasse na aprovação das reformas avança com o calendário eleitoral. O mercado e setor produtivo desconfiam da viabilidade de um acordo no Congresso Nacional que garanta a reforma tributária e administrativa. Na semana passada, não houve consenso para a discussão do projeto do Imposto de Renda às Pessoas Jurídicas. O texto recebeu fortes críticas de praticamente todos os setores, sob alegação do aumento da carga tributária, e a votação foi suspensa. O Ministério da Economia acredita que o fatiamento da proposta tributária contribuiria para a aprovação em plenário, mas os projetos estão parados no parlamento. O presidente da Associação da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, ressalta a necessidade de uma mudança que traga simplificação e segurança jurídica. “Para a indústria, principalmente a química, que são ciclos muito longo de investimentos, é importante que tenha segurança jurídica, apresentando a reforma de forma fatiada é complicado. Imaginar que isso vai acontecer, mesmo que aprove duas fatias ainda neste ano, ter a revisão completa em 2022 parecer ser muito difícil.”
Para compensar as possíveis reduções na indústria, o governo federal propõe a elevação da carga ao setor de serviços. O CEO da Gocil, Bruno Jouan, lembra dos reflexos nas contrações e empregos no país. “Eles estão colocando a carga para todos, significa taxar os serviços, que hoje não é taxado, com uma alíquota 20% a mais do que temos existente. Existe um aumento significativo de quase 20 pontos percentuais para os serviços. A única forma de ser acomodado é com uma desoneração da folha”, pontua. O governo justifica que a pandemia afetou a sua prometida agenda liberal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, elevou o tom das críticas à Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao falar em boicote do setor às propostas enviadas ao Congresso, e uma sinalização de abertura do mercado brasileiro, em momento de inflação em alta. Já o mercado financeiro reage, dólar em alta e reflexo na bolsa, em razão das manobras no orçamento para programas sociais em ano eleitoral, calote nos precatórios e possível furo no teto de gastos.