Problemas se manifestam em qualquer área da vida —desde a pessoal até no trabalho— e geralmente é causa de mal-estar. Pouco importa se o conflito é claro ou ambíguo. A primeira reação, em geral, é ruminar, sentir-se bloqueado, procrastinar. A explicação para o sofrimento e a ansiedade consequentes é que os seres humanos são avessos ao desconhecido. Afinal, fomos moldados para nos proteger de situações de risco.
Mas não precisa ser assim. Psicólogos da Canterbury Christ Church University, na Inglaterra, garantem que é possível simplificar a vida, especialmente quando se compreende como funcionam as operações cognitivas que levam a soluções de problemas, a começar pelas funções executivas.
A parte do nosso cérebro incumbida por elas é o córtex pré-frontal, cuja maturação alcança seu ápice aos 30 anos de idade. É a partir dele que somos capazes de julgar, tomar decisões, planejar e analisar.
Apesar dessa habilidade ser inata, algumas pessoas terão maior capacidade de simplificar esses processos porque isso depende de características pessoais, ou seja, o conhecimento individual, a memória, o desempenho cognitivo satisfatório e a motivação, bem como fatores ambientais.
Para aproveitar ao máximo cada uma dessas condições, sugere-se o uso de técnicas de solução de problemas utilizadas por psicólogos. Essas estratégias são usadas com frequência no âmbito empresarial, mas podem ser úteis na vida cotidiana.
Em busca de respostas positivas
O segredo dessas práticas é que elas nos ajudam a estruturar o problema, promovem maior compreensão sobre ele e ainda nos mantêm focados. “Essas alternativas reduzem o esforço cognitivo e são menos exaustivas, pois consideram a nossa capacidade limitada de processamento de informações”, explica Keitiline Viacava, neurocientista fundadora da Decision Making Lab.
Veja, a seguir, as dicas dos especialistas para simplificar, olhar os problemas de forma mais objetiva e facilitar o aparecimento de soluções criativas:
Reconheça o problema
Este é o momento no qual o obstáculo é identificado e o desejo de enfrentá-lo se estabelece. Quanto mais cedo esse passo se concretiza, mais fácil será a resolução buscada. Quando isso acontece, a pessoa se coloca à frente do problema com proatividade, o que gera autoconfiança, uma reconhecida atitude das pessoas que desejam ser eficazes. Acreditar na capacidade de enfrentamento da situação pode ser desafiador para alguns indivíduos –que terão de enfrentar as próprias inseguranças e medos.
“Uma ajuda profissional pode ser útil nesses casos, porque, o que atrapalha, muitas vezes, são questões emocionais que não permitem que a pessoa se reconheça como um ator capaz de enfrentar a situação. Submeter-se a uma terapia pode ser uma boa alternativa para pensar ‘fora da caixa’ e enxergar novas perspectivas”, fala Lidiane Klein, psicóloga clínica e professora de psicologia da UFSCPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).