A duas semanas da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, a atual cúpula do Exército, que será substituída em janeiro, e o presidente Michel Temer, reuniram-se em Brasília para uma confraternização de fim de ano e trocaram elogios mútuos. O presidente chegou, inclusive, a defender que os militares continuem com um regime previdenciário diferenciado.
Na mensagem de cumprimentos de fim de ano e homenagem a Temer, as Forças Armadas destacaram que “não almejam ser empregadas em tempos de crise, mas sim para impedir que as crises venham a se instalar no Brasil”. Representando os comandantes do Exército (general Eduardo Villas Bôas), da Marinha (Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira) e da Aeronáutica (Tenente-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato), a mensagem destacou ainda que as Forças Armadas precisam de infraestrutura para continuar ajudando a estabilidade do país.
“A história há de reconhecer o sacrifício e a dedicação das Forças Armadas, que têm contribuído de maneira abnegada e frequente para a manutenção da estabilidade do país”, disse um orador oficial representando os comandantes, em evento no Clube do Exército em Brasília.
As Forças defenderam ainda o seu reequipamento argumentando que não se pode prescindir de militares “ágeis, presentes, com equipamentos modernos e profissionais bem pagos”.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, fez um rápido discurso bem humorado e de elogios ao governo. Mesmo debilitado por conta de uma doença degenerativa, Villas Bôas disse que estavam nostálgico. “Eu estou preocupado que depois de 52 anos vou ficar desempregado”, brincou.
Villas Bôas elogiou a conduta de Temer na Presidência e disse que “estamos fechando um ciclo e deixando um Brasil melhor”. O comandante citou o sucessor, general Edson Leal Pujol, e futuros comandantes das Forças e novamente espirituoso disse que “esse pessoal está de olho grande em nós e felizes que estamos indo embora”.
Temer fez questão de dizer que contou com o apoio dos militares durante seu mandato e defendeu que eles tenham benefícios previdenciários diferenciados.
“Quando eu observo as Forças Armadas, no contexto da Previdência e em outros tantos contextos, eu aqui, comigo, digo e disse no passado, e continuarei a dizer sempre: merece um tratamento especial”, declarou. “São tais as especificidades das Forças Armadas, das forças militares em geral, que há que haver, como deve haver, um tratamento sempre diferenciado sem violar, em face dessa correlação lógica, o princípio da igualdade estabelecido no texto constitucional.”
Temer, que ao longo de seu mandato implementou diversas Garantias da Lei e da Ordem (Glos), decretou intervenção na segurança pública do Rio e uma intervenção total em Roraima, disse ainda que se sentiu à vontade para, “em várias oportunidades, chamar as Forças Armadas para auxiliar-me na tarefa governativa”.
“Não foram poucas as ocasiões em que, em face das dificuldades, e naturais dificuldades nacionais, eu chamei os companheiros das Forças Armadas, juntamente com o ministro da Defesa e disse: “eu estou precisando do vosso auxílio”, disse. “Quando eu pedia auxílio, eu ouvia dos senhores comandantes uma expressão constitucional de quem preza as instituições: “Presidente, o senhor é o comandante supremo das Forças Armadas, diga o que nós devemos fazer”. Veja que delicadeza institucional extraordinária”, completou.
Fonte:/www.valor.com.br