O ano de 2021 começou e, na largada, já mostrou a que veio. Alguns assuntos que adormeceram no final do ano passado voltam a ser avaliados com mais profundidade. Inflação em alta, juros baixos, dólar valorizado, atividade econômica ainda fraca e (enormes) dúvidas fiscais. Neste contexto, o que esperar e como direcionar os investimentos para garantir um bom retorno? Aumentar a exposição ao risco de mercado ou de crédito; buscar novas alternativas de diversificação; investir em ativos no exterior; opções realmente não faltam. Na nossa visão, entretanto, a resposta mais coerente é: mantenha a calma! Antes de tomar qualquer decisão, é preciso considerar os objetivos dos investimentos. E, para o mercado de Previdência Complementar, especificamente, como sempre ressaltamos, temos de avaliar as perspectivas para o passivo e ativo conjuntamente.
No que se refere à evolução do passivo, há um aspecto prático que afeta toda a questão. Este ano, a Estrutura a Termo de Taxa de Juros (ETTJ) média definida pela PREVIC deve ser menor que nos anos anteriores. Como a estrutura de taxa de juros utilizada é baseada em uma média móvel, que tem como base os títulos públicos federais indexados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ela deve ficar mais baixa, aumentando o valor presente do passivo atuarial dos Planos. Já do lado do ativo, considerando que mais de 70% das carteiras dos fundos de pensão estão alocadas em títulos públicos, a rentabilidade esperada não é das mais animadoras. Mesmo prevendo uma inversão na condução da política monetária com o início de elevações na Selic já em março, o aumento dos juros não deve ser substancial. Os últimos dados do Boletim Focus indicam juros de 3,5% ao ano no final de 2021, subindo para 5% ao ano em 2022. Importante destacar a previsão de juros reais negativos em 2021.