Desastres naturais ou tragédias humanas são combatidos por ações imediatas. Algumas vezes, esses acontecimentos geram reflexões e, ocasionalmente, mudanças. Até agora, porém, nenhuma calamidade, por terrível que tenha sido, alterou ao mesmo tempo aspectos sociais, econômicos e ambientais, os três pilares que definem o desenvolvimento sustentável, em escala global. A lista é grande: vai da explosão do reator da central nuclear de Chernobyl em 1986; passando pelos terremotos que arrasaram Porto Príncipe, no Haiti, em 2010, ou diversas cidades japonesas em 2011; até o atentado de 11 de Setembro, em 2001. Mesmo a chamada gripe espanhola, que, segundo diferentes estimativas, infectou metade da população do mundo e matou de 20 milhões a 100 milhões de pessoas em 1918, aconteceu numa época que nem sequer o rádio estava em uso e as medidas de saúde variavam de país para país.
Nada que se pareça ao que estamos vivendo com a propagação da covid-19, a primeira a atingir nossa aldeia global, interconectada por novas tecnologias eletrônicas, para ficar na famosa definição do pensador canadense Marshall McLuhan. O primeiro caso foi reportado no dia 31 de dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan. Pouco mais de três meses depois, o novo coronavírus já atingiu moradores de 203 países. Um monitoramento do instituto Johns Hopkins apontou no início de abril o número de 1,3 milhão de infectados, e mais de 74.000 mortes já foram registradas (até o fechamento desta edição da EXAME). O foco saiu da China e se espalhou pelo Ocidente. Até a segunda semana de abril, Itália e Espanha lideravam o número de óbitos, com mais de 270.000 infectados, e os Estados Unidos estão sendo considerados o novo epicentro da pandemia.
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